1. Técnicas mamográficas
O objetivo da mamografia é definir o tamanho exato e localização de anomalias no tecido mamário. Se uma anormalidade suspeita é detectada pela mamografia, exames adicionais podem ser requisitados pelo médico para que um diagnóstico preciso seja realizado. Estudos recentes indicam que a mamografia convencional de raios-x não é capaz de detectar 56% dos cânceres mamários (O Globo, 2007), no entanto, ela é considerada a técnica mais confiável para o rastreamento do câncer de mama em fases iniciais. Existem outros métodos utilizados para auxiliar o diagnóstico do câncer de mama, porém em nenhum método há uma garantia de detecção de 100%. Devido a isto, é necessário realizar exames complementares para os grupos onde um método não se mostra tão eficaz. A seguir, serão mostrados alguns métodos de exames utilizados clinicamente.
2. Mamografia convencional
A mamografia convencional, também conhecida como mamografia analógica, utiliza um aparelho gerador de radiação x e filmes radiográficos para obtenção da imagem. Seus benefícios são inúmeros, tais como, uma excelente imagem e a menor dose possível de radiação, permitindo que a mulher seja examinada regularmente. A capacidade de visualização de detalhes, nitidez das margens e tecidos moles, é uma característica da boa qualidade de uma mamografia com filme, este assunto será abordado com detalhes nos próximos capítulos. Porém, a mamografia analógica tem algumas limitações, como por exemplo, a reduzida amplitude dinâmica (Bontrager, 2002), vulnerabilidade à subexposição e superexposição, imutabilidade da imagem após o processamento, exibição e armazenamento da imagem, o processamento lento e a possibilidade de introdução de artefatos, bem como, a dificuldade para a padronização da qualidade da imagem em função de uma gama enorme de combinações possíveis de filme/écran/processamento. Existe ainda a probabilidade de dano ou extravio do documento diagnóstico. Estas e outras limitações da mamografia analógica tendem a ser superadas pela mamografia digital.
3. Mamografia computadorizada
Na mamografia computadorizada, a imagem é obtida em um aparelho de radiologia convencional e apenas o chassi tem tecnologia digital. O chassi é constituído de detectores de fósforo fotoestimuláveis que ao serem expostos à radiação x, armazenam a informação em forma de energia. Após a exposição, o chassi também chamado de IP (Imaging Plate) é introduzido em uma leitora (Fig. 6) que emite um lazer vermelho de comprimento de onda de 700nm, e estimula a emissão de luz na placa de fósforo na faixa do verde e azul, que é transportada por um guia de fibra óptica até um tubo fotomultiplicador. O sinal eletrônico que é produzido pelo tubo é digitalizado e armazenado para posterior manipulação.
A tecnologia IP foi introduzida na área medica na década de 1970. Uma das maiores vantagens sobre a técnica tela filme, e a faixa dinâmica e muito maior. A diminuição da dose no paciente, diminuição de perda de filmes/tempo de espera do paciente entre outros benefícios. Porém não tem boa diferenciação em baixo contraste.
4. Mamografia digital
Na mamografia digital, a imagem é obtida por fótons de raios-x que interagem com detectores em um mamógrafo
especialmente projetado para esta finalidade. O detector é individual para o equipamento e a imagem obtida é digital, diferente do que acontece com a mamografia computadorizada, vista com mais detalhes no o capítulo 6. A técnica digital pode reduzir em até 50% a dose de radiação em pacientes (Bushberg, 2002), devido à eficiência dos seus detectores. O Senographe 2000D foi primeiro mamógrafo digital , criado pela General Electric no ano de 2000.
5. Xeromamografia
A xeromamografia é um processo de exame radiológico da mama, para detecção de câncer, que utiliza, em vez da película fotográfica da mamografia convencional, uma chapa de alumínio coberta por uma camada de selênio ionizado (Cuttino, 1985). Os tubos de raios-x utilizados na xeromamografia têm ânodos de tungstênio, e a filtração de alumínio (1 a 2 mm), operando com tensão
de cerca de 45kvp. Com esta técnica, é possível a obtenção de contrastes superiores aos da mamografia clássica. Algumas características da xeromamografia são a ampla latitude e reforço de borda na imagem resultante. O alto kVp permite visualização de espessura, mamas densas (Fig. 8) e implantes de silicone (Fig. 9) (Hoong,2000), que não podem ser radiografados na mamografia convencional de baixo kVp.
6. Termografia
Termografia é uma técnica de diagnóstico não invasivo, que permite ao examinador visualizar e quantificar as mudanças na temperatura da superfície da pele do paciente. Um dispositivo de infravermelho é usado para converter a radiação infravermelha emitida pela superfície da pele em impulsos elétricos que são visualizados em cores em um monitor (Fig.10) (Bronzino, 2006).
O espectro de cores indica um aumento ou uma diminuição na quantidade de radiação infravermelha sendo emitida pela superfície do corpo. Uma vez que existe um alto grau de simetria térmica no corpo normal, a assimetria de temperatura anormal pode ser facilmente identificada.
Porém, a termografia detecta neoplasias somente em estado avançado (Fig. 11).
7. Ultrassonografia
A ultrassonografia é indicada como exame complementar (Calas, 2007) de toda mamografia. É um acompanhamento pós-cirúrgico do câncer de mama, assim como a mamografia, este exame tem a função de detectar alterações na mama da paciente, bem como sua forma e localização, para posterior aplicação da melhor técnica de biópsia. A ultrassonografia mamária é de alta resolução e utiliza transdutores de alta frequência (7,5 ou 10 MHz). O papel principal do ultrassom é diferenciar os cistos de massas sólidas, além de avaliar massas palpáveis não vistas na mamografia. Cerca de 15% a 25% (O Globo, 2010 ) dos tumores mamários não são detectados pela técnica tradicional de mamografia de raios-x, são descobertos através de exames complementares (Kerlikowskek, 1998), porém o ultrassom não consegue detectar microcalcificações (Paulinelli, 2003) .
8. Ressonância magnética mamaria
A ressonância magnética é utilizada para diagnosticar lesões tumorais do tecido mamário desde 1986. Com ela é possível obter a localização anatômica precisa da lesão tumoral e a detecção de lesões que podem passar despercebidas na mamografia convencional, ela também se mostra eficiente no diagnóstico de problemas relacionados à obtenção de imagens de implantes mamários, pois a compressão das mamas com prótese é mais difícil e o técnico necessita tomar cuidados extras para não romper a prótese (Lopes, 2005). Uma das limitações no diagnóstico é sua incapacidade em demonstrar microcalcificações mamárias (Alvares, 2003) e sua dificuldade em alguns casos de diferenciar tumores benignos e malignos.
9. Cintilografia mamária
O Sestamibi-Tecnécio 99m é um radiofármaco utilizado como contraste que, ao ser injetado no braço oposto à mama afetada por um tumor, gera imagens que são obtidas em alguns minutos por um equipamento chamado gama câmara. Esta técnica é útil para pacientes com mamas densas, que sofreram cirurgia mamária ou para confirmar a presença ou ausência de câncer mamário (Bontrager, 2002), porém não substitui a mamografia convencional nem o ultrassom e, preferencialmente, deve ser usada como método diagnóstico complementar. Este procedimento vem sendo rejeitado devido ao grande número de resultados falso-positivos.
10. Tomografia a laser
O mamógrafo a laser CT é um aparelho que pode mostrar o seio humano para determinar se o câncer está presente. Para obtenção de imagens ele não utiliza radiação-x, apenas um raio laser para criar uma imagem em 3D. O mamógrafo CT não faz pressão sobre os seios e nem os toca, tornando o exame inteiro fácil e indolor. O sistema de mamografia a laser foi criado para uso como adjunto à mamografia convencional em pacientes que tenham achados mamográficos indeterminados. Ele consiste em monitorar o fluxo sanguíneo da mama e assim é possível refazer a construção da mesma. A média de tempo de varredura é de cerca de 10 a 15 minutos por cada seio.