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Proteção Radiológica

7 coisas que o serviço de radiologia deve fazer segundo a RDC 611

By Proteção Radiológica, RDC 330, RDC 611No Comments

Este artigo possui links diretos aos Artigos da RDC 611 a que se refere! Consulte a Resolução pelos links.

 

1. O BOM PREPARO DA EQUIPE
– O serviço deve garantir o funcionamento dos Programas de Educação Permanente, Garantia de
Qualidade e Proteção Radiológica.

– Todos os profissionais do serviço devem ter substitutos habilitados, para o caso de sua ausência.

– Todos os profissionais devem ter suas atividades muito bem definidas, evitando desvios de função no
processo de trabalho.

– Toda a equipe de Serviço deve ter conhecimento da Resolução de Diretoria Colegiada – RDC 611  DE 9 DE MARÇO DE 2022.

2. INFRAESTRUTURA
– Deve haver um Projeto Básico de Arquitetura que respeite os critérios da resolução sobre portas,
janelas, paredes, mobília, iluminação, equipamentos e cabine de controle.

– O Projeto de Blindagem deve considerar o tipo de equipamento específico da sala, e não podem haver
mais de um equipamento que faça uso de radiação ionizante numa mesma sala.

– O Levantamento Radiométrico deve ser feito dentro dos períodos mínimos exigidos por lei e em casos
de alterações na estrutura física do local, substituições de peças e reparos nos equipamentos.

 

3. UTILIZAÇÃO ADEQUADA DAS TECNOLOGIAS (equipamentos)
– Todos os equipamentos devem estar regularizados pela Anvisa.

– Caso algum equipamento demonstre anomalias ou níveis de radiação restritos pela RDC 611, seu uso
deve ser suspenso e as providências para sua adequação devem ser tomadas de imediato.

– A instalação, desativação e descarte de equipamentos sempre deve ser feita por um profissional
habilitado, sendo informada à autoridade sanitária local com antecedência.

4. A GARANTIA DA QUALIDADE E SEGURANÇA
– A exposição da equipe e dos pacientes à radiação deve seguir os limites de dosagem definidos pela
CNEN.

– Devem ser feitos testes de aceitação e constância, e manutenção preventivas e corretivas,
corretamente relatadas à autoridade sanitária.

– Profissionais que estejam grávidas ou com suspeita de gravidez necessitam informar ao responsável
legal, para melhor garantir sua saúde ocupacional.

5. O BOM PROCEDER DOS EXAMES
– Fazer o bom preparo da sala antes de cada exame, higienizando tudo corretamente;

– Garantir que tenham Equipamentos de Proteção Individual (EPI) suficientes na sala;

Orientar corretamente o paciente, tomando cuidado com lesões e limitações que ele possa ter.

6. A CONSTANTE VIGILÂNCIA (Alvará Sanitário)
– Qualquer anomalia deve ser reportada à autoridade sanitária local;

– O Controle de Qualidade dos equipamentos deve respeitar suas periodicidades legais, sendo assim
testes anuais, semestrais, mensais, semanais e diários devem ser realizados;

– O Levantamento Radiométrico deve ser feito de quatro em quatro anos ou sempre que houver
modificações nos equipamentos, infraestrutura ou no processo de trabalho do serviço.

7. ZELAR PELA RDC 611
A RDC 611 chegou para atualizar o que antes era regido pela Portaria 453. O responsável legal
e a equipe devem conhecê-la e seguir os seguintes itens:

– Estudar e aplicá-la corretamente;

– Garantir que toda a equipe esteja familiarizada e a tenha ao alcance das mãos, mantendo uma
cópia da Resolução em todos os serviços sob tutela do responsável legal;

– Cabe a cada membro da equipe denunciar o descumprimento dos requisitos ditados pela
Resolução às autoridades sanitárias.

Junto da RDC 611, foram aprovadas também as Instruções Normativas específicas de cada
serviço; saiba mais sobre cada uma aqui.

Sete coisas para saber antes de fazer seu Raio-X, mamografia e tomografia computadorizada

By Proteção Radiológica, Sem CategoriaNo Comments

No mês de dezembro de 2019 entrou em vigor a RDC 330, atualizando os critérios da proteção contra os perigos da radiação ionizante – usada nos exames de Raio-X, por exemplo – em todo o território nacional.
Nessa Resolução, vários itens são estabelecidos para garantir o funcionamento seguro dos serviços que atendem o paciente que vai fazer um diagnóstico ou tratamento com uso de radiação ionizante.

1) QUANDO NÃO FAZER USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE?
Os serviços médicos que usam da radiação ionizante são muito úteis e evoluem a cada ano. Mesmo assim, é extremamente importante que seu atendimento seja feito seguindo as orientações corretas de segurança e qualidade.
Qualquer exposição desnecessária à radiação é prejudicial à saúde e proibida por lei.
Além de buscar um serviço de qualidade, fique atento: existem casos em que é melhor que você não seja exposto à radiação. Um bom exemplo é o de gestantes no começo da gravidez (veja a seguir no item 2).
Caso o Raio-X não seja indicado para a sua condição enquanto paciente, seu médico pode e deve solicitar outras formas de exames, como ultrassom e ressonância magnética.

2) ESTOU GESTANTE, TEM ALGUM PROBLEMA?
Como mencionado, não é indicado fazer uso de Raio-X durante o período de uma gestação. A exposição do embrião ou feto à radiação pode ter efeitos negativos nos seus primeiros meses de desenvolvimento.
Em casos emergenciais e extremamente necessários, pode-se fazer uso do Raio-X, desde que se cubra a barriga da gestante com equipamento de chumbo, protegendo o bebê da radiação.
Se você está gestante, é extremamente importante avisar, com antecedência, seu médico ou o técnico que fará o exame sobre a gravidez!

3) ACOMPANHANTE PODE FICAR DENTRO DA SALA DE EXAMES?
Não, a menos que seja extremamente necessário.
Quanto menos pessoas dentro da sala e expostas à radiação, melhor.
Caso o paciente precise ser auxiliado, contido ou confortado, é aceitável a presença de um acompanhante na sala de exames. Mas atenção: o acompanhante não pode:
– Estar gestante;
– Ser menor de 18 anos;

Assim como o paciente examinado, o acompanhante deve usar Vestimentas de Proteção Individual.

4) CUIDADOS QUE O PACIENTE DEVE TOMAR
Os bons resultados nos exames e tratamentos dependem também da colaboração do paciente: preste atenção nas orientações médicas que foram passadas antes de começar o exame!
Use roupas adequadas para fazer o exame, que não atrapalhem a visibilidade da parte do corpo que vai ser examinada.
Lembre-se que jóias e acessórios metálicos devem ser retirados na hora do Raio-X.
Além disso, esteja atento e seja proativo no processo: a área a ser examinada está correta? Colabore com a precisão do seu exame!

5) CUIDADOS QUE O PROFISSIONAL DEVE TOMAR
Os profissionais que trabalham com radiação ionizante devem cumprir várias normas para garantir a segurança do paciente. Fique atento!
O profissional deve:
– Ter ciência do que motivou o exame e o histórico de saúde do paciente;
– Preparar a sala e explicar sobre o procedimento, orientando como se posicionar corretamente para o exame;
– Resguardar a intimidade do paciente durante todo o processo;
– Evitar qualquer exposição desnecessária do paciente à radiação;
– Zelar pela qualidade final das imagens do exame.

6) OLHE AO SEU REDOR! PRESTE ATENÇÃO NOS AVISOS E NAS ORIENTAÇÕES
As salas de exame que usam de radiação ionizante devem estar sempre sinalizadas com placas:


Além disso, dentro da sala, deve haver um quadro com as seguintes orientações:
– Paciente, exija o uso do traje de proteção;
– Não é permitido acompanhante, exceto quando estritamente necessário;
– Acompanhante, exija também sua vestimenta de proteção;
– Na sala de exames, apenas um paciente por vez;
– Gestante, informe ao profissional responsável, sobre a gravidez.

7) A QUALIDADE DO EXAME E A SEGURANÇA DO PACIENTE SÃO PRIORIDADES
Caso o serviço não ofereça condições seguras e/ou garantias de qualidade no resultado, devem-se notificar as autoridades sanitárias.
A RDC 330 exige protocolos de bom uso dos equipamentos e garantia da segurança e qualidade dos exames: será que o seu exame está sendo feito da melhor forma possível?

Sua segurança em primeiro lugar!

ORIENTAÇÕES PARA DESCARTE DE EQUIPAMENTO DE RAIOS-X

By Proteção RadiológicaNo Comments

O equipamento de Raios-X pode ser tratado como resíduo sólido comum e encaminhado para sucateamento (reciclagem dos componentes). Com exceção dos componentes do equipamento de Raios-X que estiverem em contato com o óleo isolante, estes devem ser tratados como resíduos químicos perigosos de Classe I e serem encaminhados para aterro de resíduos perigosos – Classe I.

Salienta-se que os fios e cabos de alimentação elétrica devem estar desconectados e que qualquer adesivo ou identificação com símbolo internacional da presença de radiação ionizante deve ser removido. Ao desmontar o cabeçote faça com cuidado, devido à ampola de vidro no seu anterior. A ampola deve ser descartada tomando-se os mesmos cuidados que os de uma lâmpada. Evite impactos sobre a ampola, pois a mesma está submetida a forte vácuo.

A desativação do equipamento de Raios-X deve ser comunicada junto à vigilância sanitária competente, por escrito pelo responsável legal, com baixa de responsabilidade técnica pelo equipamento e com notificação sobre o destino final a ser dado ao equipamento.

Referência:

Nota Técnica DIVS 003_2018 

 

Quais são os efeitos biológicos da radiação ionizante?

By Proteção RadiológicaNo Comments

Histórico dos efeitos

Efeitos das radiações sobre os tecidos vivos são muitos e complexos. Diferentes tecidos reagem de diferentes formas às radiações e alguns tecidos são mais sensíveis que outros. Em 1896, logo após a descoberta dos raios-x, o médico J. Daniels notificou o primeiro efeito biológico da radiação ionizante, a queda de cabelo de um de seus colegas, cuja radiografia de crânio havia sido realizada. O uso de raios-x na terapia produziu resultados desagradáveis como eritema de pele e em seguida ulcerações nas mãos de médicos, além de câncer nos ossos, resultante das exposições durante os tratamentos dos pacientes. Em 1907 foram relatados os primeiros casos de câncer em profissionais, inclusive fatais (Andrade, 2007).

Biologia das radiações

Radiação ionizante é a radiação cuja energia é superior à energia de ligação dos elétrons de um átomo com o seu núcleo, ou seja, ela é capaz de arrancar os elétrons de seus orbitais. A quantidade de energia depositada pela radiação ionizante ao atravessar um tecido depende da natureza química do tecido e de sua massa específica. A absorção das radiações ionizantes pela matéria é um fenômeno atômico e não molecular (Stabin, 2007). A transferência linear de energia é a grandeza que caracteriza a interação das radiações ionizantes com a matéria e é definida como a quantidade de energia dissipada por unidade de comprimento da trajetória sua unidade é KeV/m.

Interação da radiação X.

Interação da radiação X.

A energia de uma radiação pode ser transferida para o DNA modificando sua estrutura, o que caracteriza o efeito direto (Tauhata, 2003). Efeitos indiretos ocorrem em situações em que a energia é transferida para uma molécula intermediária, é o que ocorre com a água cuja radiólise acarreta a formação de produtos altamente reativos, capazes de lesar o DNA. Ao sofrer ação direta das radiações (ionização) ou indireta (através do ataque de radicais livres) a molécula de DNA expõe basicamente dois tipos de danos: mutações gênicas e quebras (Nouailhetas, [199-?]). Dependendo da dose, tipo de radiação, e ponto observado, os efeitos biológicos podem variar amplamente. Alguns ocorrem com relativa rapidez enquanto outros podem levar anos para se tornar evidentes.

Os efeitos biológicos da radiação podem ser divididos em duas categorias gerais, estocásticos e deterministas. Como o nome indica os efeitos estocásticos são aqueles que ocorrem de uma forma estatística. O câncer é um exemplo, se uma grande população é exposta a uma quantidade significativa de uma substância cancerígena, como a radiação, então é esperada uma elevada incidência de câncer. Embora possamos ser capazes de prever a magnitude do aumento da incidência, não podemos dizer quais indivíduos da população irão contrair a doença. Além disso, embora a incidência esperada de câncer aumente com a dose de radiação, a gravidade da doença em uma pessoa atingida não é função da dose.

Em contraste, os efeitos determinísticos são aqueles que mostram uma clara relação de causalidade entre dose e efeito em um determinado indivíduo. Geralmente há um limite, abaixo do qual nenhum efeito é observado. Não se pode dizer com certeza que a radiação causará algum problema ao indivíduo, porém, assume que qualquer quantidade de radiação, não importa quão pequena seja, implica em algum risco.

Mutações nas células somáticas ou germinativas podem ser classificadas em três grupos: mutações pontuais, aberrações cromossomais estruturais e aberrações cromossomais numéricas.

mutações pontuais: quando ocorrem alterações nas sequências de base do DNA.

2° Aberrações cromossomais estruturais: é a quebra dos cromossomos.

3° aberrações cromossomais numéricas: é o aumento ou a diminuição do número de cromossomos.

Câncer radioinduzido

As mudanças nas moléculas de DNA podem resultar no processo conhecido como neoplásica. A célula modificada, mantendo sua capacidade reprodutiva, pode gerar um câncer (Tauhata, 2003; Stabin, 2007; Nouailhetas, [199-?]). Ao interagir com o núcleo da célula a radiação pode produzir mutações radioinduzidas que não evoluem obrigatoriamente para câncer. O que se observa é que a probabilidade de cancerização a partir de células irradiadas é superior à probabilidade de ocorrência deste processo a partir de células não irradiadas. As Mutações seriam o primeiro passo do processo de cancerização, esse processo é conhecido como neoplásica. Quanto maior a quantidade de dose absorvida por um indivíduo, maior a probabilidade de que venha a desenvolver alguma doença. A tabela 3 exibe a relação entre os sintomas e as doses absorvidas por um indivíduo, onde a dose é apresentada em Gray (Gy) que é igual a 1 joule de energia depositada na matéria.

Tabela 3- Relação entre a dose absorvida e os sintomas.

 

Dose absorvida (Gy)

Sintomas

1,2

Anorexia

1,7

Náusea

2,1

Vômitos

2,4

Diarreia

 

A radiação no organismo humano produz efeitos, que representam danos diferentes para cada região afetada. As gônadas sexuais, os pulmões, o estômago e a medula óssea apresentam uma grande sensibilidade à radiação. A seguir, a Tabela 4 exibe a sensibilidade relativa dos órgãos à radiação, publicada em 1991 pelo ICRP (International Commission on Radiological Protection):

Tabela 4- Sensibilidade dos órgãos.

 

Órgão

Sensibilidade (0-10)

Gônadas sexuais

10

Pulmão, estômago e medula óssea

6

Bexiga, fígado, mama, glândula tireóide e esôfago

2,5

Demais órgãos

0,5 a 2,5

 

Doses de radiação acima de 2 Gy podem causar catarata, como mostra a Figura abaixo.

Catarata Radioinduzida

Catarata Radioinduzida

 

Doses acima de 20 Gy podem causar radiodermite e , que é manifestada por um eritema precoce, dor e exudação; o processo evolui para uma ulceração do tecido (Nouailhetas, [199-?]). A Figura ao lado exibe complicações causadas pela radiação ionizante.

Radionecrose